sexta-feira, 26 de setembro de 2008

PRESERVAÇÃO E TRADUÇOES

A preservação e a tradução da Bíblia

Este capítulo abrange os seguintes pontos: línguas ori­ginais da Bíblia; os manuscritos mais importantes; as pri­meiras e principais versões e traduções; certas particulari­dades do texto bíblico. Em todos esses fatos podemos ver a mão poderosa de Deus agindo para que este Livro chegasse às nossas mãos, para nossa felicidade eterna.

I. AS LÍNGUAS ORIGINAIS DA BÍBLIA

O hebraico e o aramaico para o Antigo Testamento, e o grego para o Novo Testamento, são as línguas originais da Bíblia.

a. O hebraico. Todo o Antigo Testamento foi escrito em hebraico, o idioma oficial da nação israelita, exceto algu­mas passagens de Esdras, Jeremias e Daniel, que foram es­critas em aramaico. A mais extensa é em Daniel, que vai de 2.4 a 7.28.
O hebraico faz parte das línguas semíticas, que eram faladas na Ásia (mediterrânea), exceto em bem poucas re­giões. As línguas semíticas formavam um ramo dividido em grupos, sendo o hebraico integrante do grupo cananeu. Este compreendia o litoral oriental do Mediterrâneo, in­cluindo a Síria, a Palestina e o território que constitui hoje
a Jordânia. Integrava também o grupo cananeu de línguas, o ugarítico, o fenício e o moabítico. O fenício tem muita se­melhança com o hebraico. 0 primitivo alfabeto hebraico é oriundo do fenício, segundo a opinião dos versados na ma­téria. Tudo leva a crer que Abraão encontrou este idioma em Canaã, ao chegar ali, em vez de trazê-lo da Caldéia. Em Gênesis 31.47, vê-se que Labão, o sobrinho de Abraão, vivendo em sua terra, a Caldéia, falava aramaico; ao passo que Jacó, recém-chegado de Canaã, falava o hebraico.
A língua hebraica é chamada no AT "Língua de Ca­naã" (Is 19.18) e "língua judaica" ou "judaico" (2 Rs 18.26,28; Is 36.13). Como a maior parte das línguas do ramo semítico, o hebraico lê-se da direita para a esquerda. O alfabeto compõe-se de 22 letras, todas consoantes. Há si­nais vocálicos, sim, mas não podemos chamá-los de letras.
Sabe-se agora que a forma primitiva dos caracteres hebraicos estava em uso na Palestina 1.800 anos antes de Cristo. Exemplos mais recentes das letras hebraicas há no Calendário de Gézer (950-920 a.C), na Pedra Moabita (850 a.C); na inscrição de Siloé (702 a.C); nas moedas do tempo dos irmãos Macabeus (175-100 a.C), e nalguns fragmentos dos escritos achados junto ao mar Morto, a partir de 1947. Esta forma primitiva do hebraico passou por modificações com o correr do tempo. Após o exílio, teve início a chamada "escrita quadrada", que, por fim, foi pe­los massoretas convertida na atual forma do alfabeto hebraico - uma forma quadrada modificada.
A escrita hebraica dos tempos antigos só empregava consoantes sem qualquer sinal de vocalização. Os sons vo­cálicos eram supridos pelo leitor durante a leitura, o que dava origem a constantes enganos, uma vez que havia pa­lavras com as mesmas consoantes, mas com acepções dife­rentes. Quer dizer, a pronúncia exata dependia da habili­dade do leitor, levando em conta o contexto e a tradição. É por causa disso que se perdeu a pronúncia de muitas pala­vras bíblicas.
Após o século VI, os eruditos judeus residentes em Ti-beríades, passaram a colocar na escrita sinais vocálicos, perpetuando, assim, a pronúncia tradicional. Esses sinais são pontos colocados em cima, em baixo e dentro das consoantes. Os autores desse sistema de vocalização chama­vam-se massoretas - palavra derivada de "massorah", que quer dizer tradição, isto porque os massoretas, por meio desse sistema, fixaram a pronúncia tradicional do hebrai­co. Qualquer texto bíblico posterior ao século VI é chama­do "massorético", porque contém sinais vocálicos. Os mais famosos eruditos massoretas foram os judeus Moses ben Asher; e seus filhos Arão e Naftali, que viveram e trabalha­ram em Tiberíades, na Galiléia.
Além do texto massorético, há outro texto hebraico das Escrituras, o do Pentateuco Samaritano, que emprega, os antigos caracteres hebraicos. É do tempo pré-cristão. São, portanto, dois tipos de textos que temos em hebraico: o Massorético e o Pentateuco Samaritano.

b. O Aramaico é um idioma semítico falado desde 2.000 a.C, em Arã ou Síria, que é a mesma região. {Arã é hebreu; Síria é grego.) Nas Escrituras, o território da Síria não é o mesmo de hoje, o que acontece também com outras terras bíblicas. O primitivo território estendia-se das mon­tanhas do Líbano até além do Eufrates, incluindo Babilô­nia, Mesopotâmia Superior (conhecida na Bíblia por Arã-Naaraim; e Padã-Arã - Gn 25.20), e outros distritos. Era ainda falado numa grande área da Arábia Pétrea.
Os trechos escritos em aramaico são:
o Esdras 4.8 a 6.18; 7.12-26.
o Daniel 2.4 a 7.28.
o Jeremias 10.11.
A influência do aramaico foi profunda sobre o hebraico, começando no cativeiro do reino de Israel, em 722 a.C. na Assíria, e continuando através do cativeiro do reino de Ju-dá, em 587, em Babilônia. Em 536, quando Israel começou a regressar do exílio, falava o aramaico como língua verná­cula. É por essa razão que, no tempo de Esdras, as Escritu­ras, ao serem lidas em hebraico, em público, era preciso in­terpretá-las, para compreenderem o seu significado (Ne 8.5,8).
No tempo de Cristo, o aramaico tornara-se a língua po­pular dos judeus e nações vizinhas; estas foram influencia­das pelo aramaico devido às transações comerciais dos ara-meus na Ásia Menor e litoral do Mediterrâneo. Em 1.000 a.C, o aramaico já era língua internacional do comércio nas regiões situadas ao longo das rotas comerciais do Oriente. O aramaico é também chamado "siríaco", no Norte (2 Rs 18.26; Ed 4.7; Dn 2.4 ARC), e também "caldaico", no Sul (Dn 1.4). Tinha o mesmo alfabeto que o hebraico, diferia nos sons e na estrutura de certas partes gramaticais. Do mesmo modo que o hebraico, não tinha vogais; a partir de 800 d.C, é que os sinais vocálicos lhe fo­ram introduzidos. É muito parecido com o hebraico.
O aramaico foi a língua do Senhor Jesus, seus discípu­los e da igreja primitiva, em Jerusalém. Em Mateus 5.18, quando Jesus diz que a menor letra é o jota (aramaico io­de), Ele tinha em mente o alfabeto aramaico, pois somente neste é que se verifica isto. (A letra iode originou o nosso i).

Nos dias de Jesus, o aramaico já se modificara um pouco na Palestina, resultando no "aramaico palestinense", como o chamam os eruditos. Também em Marcos 14.36, o uso da palavra aramaica "abba", por Jesus, é outra evi­dência de que Ele falava aquela língua. Que Ele também falava o hebraico é evidente em Lucas 4.16-20, uma vez que os rolos sagrados eram escritos em hebraico..
O hebraico foi de fato absorvido pelo aramaico, mas continuou sendo a língua oficial do culto divino no templo e nas sinagogas, dos rolos sagrados, e dos rabinos e erudi­tos. Havia escolas de rabinos, inicialmente em Jerusalém, e, depois da queda da cidade, em Tiberíades. Havia esco­las semelhantes noutros centros judaicos. As conquistas á-rabes e a propagação do islamismo em largas áreas da Á-sia, África e Europa, reduziu e por fim destruiu a influên­cia do aramaico. Por sua vez, o hebraico, sendo língua morta, começou a ressurgir. Para que se cumprissem as profecias referentes a Israel, era necessário que a língua re­vivesse e assumisse a posição que hoje desfruta na família das nações modernas.
O aramaico ainda sobrevive numa remota e pequena vila da Síria, chamada Malloula, com a população de 4.000 habitantes.
Devido aos hebreus terem adotado o aramaico como uma língua, este passou a chamar-se hebraico, conforme se vê em Lucas 23.38; João 5.2; 19.13,17,20; Atos 21.40; 26.14; 72
Apocalipse 9.11. Portanto, quando o NT menciona o hebraico, trata-se, na realidade, do aramaico. Marcos, es­crevendo para os romanos, põe em aramaico 5.41 e 15.34 do seu livro; já Mateus, que escreveu para os judeus, escreve a mesma passagem em hebraico (Mt 27.46).
O AT contém, além do hebraico e aramaico, algumas palavras persas, como "tirsata" (Ed 2.63 FIG) e "sátrapa" (Dn 3.2).

c. O Grego. Esta é a língua em que foi originalmente es­crito o Novo Testamento. A única dúvida paira sobre o li­vro de Mateus, que muitos eruditos afirmam ter sido escri­to em aramaico. O grego faz parte do grupo das línguas arianas. Vem da fusão dos dialetos dórico e ático. Os dóri-cos e os áticos foram duas das principais tribos que povoa­ram a Grécia. É língua de expressão muito precisa, e, das línguas bíblicas, é a que mais se conhece, devido a ser mais próxima da nossa.
O grego do Novo Testamento não é o grego clássico dos filósofos, mas o dialeto popular do homem da rua, dos co­merciantes, dos estudantes, que todos podiam entender: era o "Koiné". Este dialeto formou-se a partir das conquis­tas de Alexandre, em 336 a.C. Nesse ano, Alexandre subiu ao trono e, no curto espaço de 13 anos, alterou o curso da história do mundo. A Grécia tornou-se um império mun­dial, e toda a terra conhecida recebeu influência da língua grega. Deus preparou, deste modo, um veículo lingüístico para disseminar as novas do Evangelho até os confins do mundo, no tempo oportuno.
Até no Egito o grego se impôs, pois aí foi a Bíblia tradu­zida do hebraico para o grego - a chamada Septuaginta, cerca de 285 a.C. Nos dias de Jesus, os judeus entendiam quase tão bem o grego como o aramaico, haja vista que a Septuaginta em grego era popular entre os judeus. Nos pri-mórdios do cristianismo, o Evangelho pregado ou escrito em grego podia ser compreendido pelo mundo todo. Só Deus podia fazer isso! Ele não enviaria o seu Filho ao mun­do enquanto este não estivesse preparado, e esse preparo incluía uma língua conhecida por todos. (Ver Marcos 1.15 e Gálatas 4.4.)
A língua grega tem 24 letras; a primeira é alfa e a últi­ma ômega. Quando, em Apocalipse 1.8, Jesus diz que é o Alfa e o ômega, está afirmando que é o primeiro e o últi­mo. Os gregos receberam seu alfabeto através dos fenícios, conforme mostram estudos a respeito.
Ninguém vá supor que por não conhecer essas línguas originais das Escrituras, não compreenderá a revelação di­vina. Sim, o conhecimento e a compreensão dos originais auxiliará muito, mas não é o essencial. Na Bíblia, como já dissemos, vêem-se duas coisas principais: o texto e a men­sagem. O principal é a mensagem contida no texto. É espe­cialmente a mensagem que o Espírito Santo vitaliza, reve­la e maneja como sua espada (Ef 6.17).

II. OS MANUSCRITOS DA BÍBLIA

A história da Bíblia e como chegou até nós, é encontra­da em seus manuscritos. Manuscritos são rolos ou livros da antiga literatura, escritos à mão. O texto da Bíblia foi pre­servado e transmitido mediante os seus manuscritos. Nos tratados sobre a Bíblia, a palavra manuscritos é sempre in­dicada pela abreviatura MS, no plural MSS ou Mss.
Há, em nossos dias, cerca de 4.000 MSS da Bíblia, preparados entre os séculos II e XV.

a. Material gráfico dos MSS bíblicos.
Há dois materiais principais: papiro e pergaminho. (Consulte o Cap. II da presente matéria.) O linho era usa­do também, mas não tanto como os dois citados. O centro da indústria de papiro era o Egito, onde teve início o seu emprego, cerca de 3.000 a.C. O papiro é um tipo de junco de grandes proporções. Tem caule tríquetro de 3 a 5 metros de altura, com 5 a 7 centímetros de diâmetro, tendo sua fronde em forma de guarda-chuva. As dimensões da folha de papiro preparada para a escrita eram normalmente 30 cm a 3 m de comprimento por 30 cm de largura. Essas fo­lhas eram formadas por tiras cortadas da planta, sobrepos­tas cruzadas, coladas, prensadas e depois polidas. Eram escritas de um lado, apenas. Tinham cor amarelada. À fo­lha do papiro assim preparada, os gregos chamavam biblos.
Pergaminho é a pele de animais curtida e preparada para a escrita; seu uso generalizado vem dos primórdios do cristianismo, mas já era conhecido em tempos remotos, pois já é mencionado em Isaías 34.4. O pergaminho prepa­rado de modo especial chamava-se velo. Este tornou-se co­mum a partir do século IV. É mais durável. Foi muito usa­do nos códices. Tudo indica que o vocábulo pergaminho derivou seu nome da cidade de Pérgamo, capital de um ri­quíssimo reino que ocupou grande parte da Ásia Menor, sendo Eumenes II (197-159 d.C), seu maior rei. Esse rei projetou formar para si uma biblioteca maior que a de Ale­xandria, Egito. O rei do Egito, por inveja, proibiu a expor­tação do papiro, obrigando Eumenes a recorrer a outro ma­terial gráfico. Tal fato motivou o surgimento de um novo método de preparar peles, muito aperfeiçoado, que resul­tou no pergaminho. Vindo o domínio romano, Pérgamo veio a ser a primeira capital da província da Ásia, situada ao oeste da Ásia Menor; sua segunda capital foi Éfeso. O Novo Testamento menciona esse material gráfico em 2 Ti­móteo 4.13 e Apocalipse 6.14.
Outros materiais foram usados para a escrita nos tem­pos antigos, mas de menor importância, como:
• Linho. Tem sido encontrado nas descobertas arqueo­lógicas.
• Ostraco, fragmento de cerâmica. É mencionado em Jó 38.14; Ezequiel 4.1. Foi muito usado em Babilônia.
• Madeira.
• Pedra (Êx 24.12; Js 8.30-32).
• Tábuas recobertas de cera (Is 8.1; Lc 1.63).
Um exemplo do emprego desses materiais é o livro es­crito em pedra, conhecido como Código Hamurabi. Trata-se de um rei de Babilônia coevo de Abraão. É identificado pelos cientistas como o Anrafel de Gênesis 14.1. É um códi­go de leis descoberto em Susa, em 1902, lindamente traba­lhado em pedra, com 2 m de altura. Esse livro é testemu­nha de que aquele tempo o homem atingira uma capacida­de literária notável. O código trata do culto nos templos (pagãos, é claro), administração da justiça e leis em geral. Vimos esse código no Museu do Louvre, Paris.
A tinta usada pelos escribas era uma mistura de carvão em pó com uma substância líquida semelhante a goma arábica. (Ver Jeremias 36.18; Ezequiel 9.2; 2 Coríntios 3.3; 2 João 12; 3 João 13.) 0 carvão é um elemento que se con­serva admiravelmente através dos séculos, não sendo afe­tado por substâncias químicas. Para a escrita em papiro ou pergaminho, usavam penas de aves, pincéis finos e um tipo de caneta feita de madeira porosa e absorvente. Para a cera usavam um estilete de metal (Is 30.8).
Cuidado redobrado havia com a escrita dos livros sa­grados. Devemos ser sumamente agradecidos aos judeus por seu cuidado extremo na preparação e preservação dos manuscritos do Antigo Testamento. Aqui estão algumas regras que eles exigiam de cada escriba. O pergaminho ti­nha de ser preparado de peles de animais limpos, prepara­do somente por judeus, sendo as folhas unidas por fios fei­tos de peles de animais limpos. A tinta era especialmente preparada. O escriba não podia escrever uma só palavra de memória. Tinha de pronunciar bem alto cada palavra an­tes de escrevê-la. Tinha de limpar a pena com muita reve­rência antes de escrever o nome de Deus. As letras e pala­vras eram contadas. Um erro numa folha, inutilizava-a. Três erros numa folha, inutilizavam todo o rolo.

b. O formato dos MSS
Quanto ao formato, os MSS podem ser códices ou rolos.
Códice é um MS em formato de livro, feito de pergami­nho. As folhas têm normalmente 65 cm de altura por 55 de largura. Este tipo de MS começou a ser usado no Século II. O rolo podia ser de papiro ou pergaminho. Era preso a dois cabos de madeira, para facilitar o manuseio durante a lei­tura. Era enrolado da direita para a esquerda. Sua exten­são dependia da escrita a ser feita. Portanto, antigamente não era fácil conduzir pessoalmente os 66 livros como faze­mos hoje
c. A caligrafia dos MSS.
Há dois tipos de caligrafia ou forma gráfica nos MSS bíblicos, o que os divide em unciais e cursivos. Uncial é o MS de letras maiúsculas e sem separação entre as pala­vras. Cursivo é o de letras minúsculas, tendo espaço entre as palavras. Tal diferença na forma gráfica deu-se no século X. Palimpsesto é um MS reescrito, isto é, a escrita pri­mitiva era raspada e novo texto escrito por cima. Isso ocor­ria devido ao alto preço do pergaminho. Inutilizava-se as­sim uma escrita para se usar o mesmo material. Os manus­critos originais também não tinham sinais de pontuação. Estes foram introduzidos na arte de escrever em época re­cente. É claro, pois, que a pontuação moderna não é inspi­rada, e por isso não dá, às vezes, sentido às palavras do ori­ginal.

d. MSS originais da Bíblia. MSS originais saídos das mãos dos escritores não há nenhum conhecido. É provável que se houvesse algum, os homens o adorassem mais do que ao seu divino Autor. Lembremos a adoração da ser­pente de metal pelos israelitas (2 Rs 18.4) e da cruz de Cristo e da virgem Maria, pelos católico-romanos; e o caso de João querer adorar o mensageiro celestial (Ap 22.8,9).

A falta de MSS originais provém do seguinte:

1) O costume dos judeus de enterrar todos os MSS es­tragados pelo uso ou qualquer outra coisa; isto para evitar mutilação ou interpolação espúria.
2) Os reis idolatras e ímpios de Israel podem ter des­truído muitos, ou contribuído para isso. (Veja o episódio de Jeremias 36.20-26.)
1. O monstro Antíoco Epifânio, rei da Síria (175-164 a.C), dominou sobre a Palestina durante seu reinado. Foi extremamente cruel, sádico; tinha prazer em aplicar tortu­ras. Decidiu exterminar a religião judaica.
Assolou Jerusa­lém em 168, profanou o templo e destruiu todas as cópias que achou das Sagradas Escrituras.
4) Nos dias do feroz imperador Diocleciano (284-305 d.C), os perseguidores dos cristãos destruíram quantas có­pias acharam das Escrituras. Durante dez anos, Dioclecia­no mandou vasculhar o Império para destruir todos os es­critos sagrados. Ele chegou a julgar que tivesse destruído tudo, pois mandou cunhar uma moeda comemorando tal "vitória".
A literatura judaica diz que a missão da Grande Sina­goga, presidida por Esdras, foi reunir e preservar os MSS originais do AT, e que os MSS de que se serviram os setenta, foram esses preservados pela Grande Sinagoga, que en­cerrou o cânon do AT.
e. MSS existentes mais antigos e mais importantes

1) MSS do AT em hebraico.

Até a descoberta dos MSS do mar Morto, em 1947, os mais antigos MSS do AT hebraico eram:
• Códice dos primeiros e últimos profetas. Está na Si­nagoga Caraíta, do Cairo. Foi escrito em Tiberíades, em 895 d.C, por Moses Ben Asher, erudito judeu de renome. (Caraítas são os judeus que rejeitam a doutrina ortodoxa dos rabinos e reclamam liberdade na interpretação da Bíblia.) Contém os primeiros profetas, segundo a organiza­ção do cânon hebraico do AT: Josué, Juizes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis. Contém também os últimos profetas: Isaías, Je­remias, Ezequiel, e os Doze.
• Códice do Pentateuco. Escrito cerca de 900 d.C, está no Museu Britânico, sob número 4445. Foi escrito por um filho de Moses Ben Asher: Arão.
• Códice Petrogradiano. Escrito em 916 d.C. Contém apenas os últimos Profetas. Veio da Criméia. Está na biblioteca de Leningrado (a antiga Petrogrado), donde o nome.
• Códice Aleppo. Contém todo o texto do Antigo Testa­mento. Copiado por Shelomo Ben Bayaa. Seus sinais vocá-licos foram colocados por Moses Ben Asher, cerca de 930 d.C. Foi contrabandeado em anos recentes da Síria para Israel. Será utilizado como base da nova Bíblia Hebraica, em preparo pela Universidade Hebraica, de Jerusalém.
• Códice 19 A. Está na biblioteca de Leningrado (Rús­sia).
Data: 1008 d.C. O original foi escrito por Moses Ben Asher, cerca de 1000 d.C. Foi copiado no ano 1008, no Cai­ro, por Samuel Ben Jacob. Quando a Rússia o adquiriu, o comunismo ainda não dominava ali. Este é o mais antigo MS completo do AT em hebraico. (Isto é, mais antigo da­tado.)
• O rolo de Isaías, mar Morto, 1947. Nos rolos desco­bertos, nas proximidades do mar Morto, em 1947, foi en­contrado um MS de Isaías, em hebraico, do ano 100 a.C, isto é, 1.000 anos mais velho que o mais antigo MS até en­tão existente. Uma vez que o texto de tal rolo concorda com o das nossas Bíblias atuais, temos nisso uma prova singular da autenticidade das Escrituras, considerando-se que esse rolo de Isaías tem agora mais de 2.000 anos de existência!

2) MSS do Antigo e Novo Testamento em grego.

É digno de nota que os MSS mais antigos da Bíblia es­tão em grego. Esses manuscritos não são originais, são có­pias. Os originais saídos das mãos dos escritores, perde­ram-se. Pela ordem cronológica, vamos citar os mais anti­gos MSS existentes da Bíblia em grego:
• Códice Vaticano ou "B". Pertence à biblioteca do Vaticano. Data: 325 d.C. O AT é cópia da Septuaginta. Contém os apócrifos em separado. Essa biblioteca foi fun­dada em 1488, e no seu primeiro catálogo, publicado em 1475, aparece esse MS. Ê uncial.
• O Códice Sinaítico ou "Álefe". Pertence ao Museu Britânico. Data: 340 d.C. Foi descoberto pelo erudito cris­tão Tischendorf, em 1844, no Mosteiro de Santa Catarina, no sopé do Monte Sinai. A história de sua aquisição é mui­to impressionante. Foi o Czar da Rússia que o adquiriu, em 1899. O Governo inglês comprou-o dos russos, em 1933, por 100.000 libras esterlinas, equivalentes então a 510.000 dó­lares. Um dos livros mais caros do mundo. É uncial.
• Códice Alexandrino ou "A". Pertence ao Museu Bri­tânico. Data: 425 d.C. Tem este nome porque foi escrito em Alexandria e também pertenceu à sua biblioteca. Em 1621, foi levado a Constantinopla por Cirilo Lúcar, patriar­ca de Alexandria. Em 1624, Cirilo presenteou-o ao rei Tia­go I da Inglaterra, o mesmo rei que autorizou a famosa ver­são inglesa de 1611. Em 1757, o rei Jorge II doou a bibliote­ca da família real à nação, e assim o famoso MS chegou ao Museu Britânico. É um MS uncial.
• O Códice Efráemi ou "C". Pertence ao Museu do Louvre, Paris. Data: 345 d.C. É um palimpsesto. Ao ser restaurada a primeira escrita, constatou-se serem ambos os Testamentos incompletos. O doutor Tischendorf publi­cou-o em 1845. É bilingüe: grego e latim.
• Códice Bezae ou "D". Pertence à biblioteca da Uni­versidade de Cambridge, Inglaterra. Data: Século VI. Con­tém os Evangelhos, Atos e parte das Epístolas.
• O Códice Claromontanus ou "D2". Pertence ao Mu­seu do Louvre, Paris. Data: Século VI. Contém as epístolas paulinas. Estes três últimos são também unciais.

f. As Bíblias impressas mais antigas.
1) 0 Antigo Testamento Impresso em Hebraico.
• O primeiro texto impresso em hebraico do AT foi publicado em 1488, em Soncino, Itália. Contém os sinais vocálicos.
• O segundo texto mais antigo impresso em hebraico do AT é o constante da Bíblia chamada "Complutensiana Poliglota", preparada pelo cardeal Ximenes, de Cisneros, na Universidade de Alcalá, próximo a Madri, Espanha. Foi impressa em 1514 - 1517, mas somente distribuída em 1522. A Poliglota traz além do AT em hebraico, o NT em grego, a Septuaginta em latim, e a Vulgata, em latim (AT e NT). Abrange seis volumes.
• A primeira Bíblia Rabínica. Foi preparada por Felix Pratensis e publicada por Daniel Bomberg, em Veneza, em 1516-1517.
• O texto preparado por Jacob Ben Chayin e impresso por Daniel Bomberg em Veneza, em 1524-1525, tornou-se um texto padrão para estudo. Foi a segunda Bíblia Rabíni­ca impressa.
• O texto de Amsterdam, publicado entre 1661-1667. É uma combinação dos textos de Chayim e o de Ximenes.
• 0 texto de Van der Hooght, publicado em 1705. É uma revisão do texto de Amsterdam.
• O texto de Kennicott, editado em 1776-1780. Este texto segue o de Van der Hooght de 1705.
• O texto de Letteris, publicado em 1852. É uma revi­são do texto de Van der Hooght. Este é o texto padrão ado­tado em nossos dias pelas Sociedades Bíblicas em todo o mundo.
• O texto de Rudolph Kittel, de 1906, originado do tex­to de Chayim. A terceira edição de Kittel, em 1937, aban­donou o texto de Chayim, publicando o do MSS 19A.
2) O Novo Testamento impresso em grego
• O primeiro texto impresso em grego do NT é o da "Complutensiana Poliglota", de que já falamos quando nos ocupamos do texto impresso em hebraico.
• O texto de Erasmo (teólogo holandês), publicado e distribuído em 1516. Este foi o primeiro texto impresso dis­tribuído, do Novo Testamento. A poliglota do Cardeal Xi-menes só veio a público em 1522, mas fora impressa em 1514-1517.
• O texto de Robert Stephanus, publicado em 1546, em Paris. É baseado no de Erasmo e na Poliglota.
• O texto de Theodoro Beza, publicado em 1565 e 1664. Base: Stephanus.
• 0 texto dos irmãos Elzevirs, holandeses, de 1624-1678. Base: Stephanus e Beza. É conhecido como o "Tex-tus Receptus" devido a uma expressão que contém no pre­fácio.
• 0 texto de Westcott e Hort, dois eminentes eruditos ingleses. Data: 1881-1882. Suplantou o "Textus Recep­tus".
• Há, por fim, os mais recentes textos impressos do NT em grego, que são os de Herman Von Soden, Scrivener, e Eberhard Nestle. Este último é muito utilizado no preparo de versões modernas.

g. Os MSS do mar Morto.
Num dia de verão, em 1947, o pastor beduíno árabe, Muhammad ad Dib, da tribo dos Taa'mireh, que se acam­pa entre Belém e o mar Morto, saiu a procura de uma cabra desgarrada nas ravinas rochosas da costa noroeste do referido mar, e encontrou um inestimável tesouro bíbli­co. Estava o pastor junto à encosta rochosa do uádi Qüm-ram. Ao atirar uma pedra numa das cavernas ouviu um barulho de cacos se quebrando. Entrou na caverna e en­controu uma preciosa coleção de MSS bíblicos: 12 rolos de pergaminho e fragmentos de outros. Um dos rolos era um MS de Isaías do ano 100 a.C, isto é, mil anos mais antigo que os exemplares até então conhecidos. Os rolos estão es­critos em papiro e pergaminho e envolvidos em panos de li-nho. Outras cavernas foram vasculhadas e novos MSS fo­ram encontrados.
Novas luzes estão surgindo na interpretação de passa­gens difíceis do AT. Exemplos: em Êxodo 1.5, o total de pessoas é 75, concordando assim com Atos 7.14. (O hebrai­co não tem algarismos para os números e sim letras; daí, para um erro não custa muito...) Em Isaías 49.12, o novo MS de Isaías diz "Siene" e não "Sinin". Ora, Siene era uma importante cidade fronteiriça do Egito, às margens do Nilo, junto à Etiópia. É hoje a moderna Assuam, com sua extraordinária represa. Ezequiel 29.10 e 30.6 referem-se a essa cidade; a versão ARC grafa "Sevené". Muitos eruditos pensavam até agora que o termo "Sinin" de Isaías 49.12 fosse uma alusão à China. É muito confortante saber que os textos desses MSS encontrados concordam com os das nossas Bíblias.
Pesquisas revelam que os MSS do mar Morto foram es­condidos pelos essênios - seita ascética judaica - durante a segunda revolução dos judeus contra os romanos em 132-135 d.C. Os responsáveis por um grande mosteiro agora descoberto, ao verem aproximar-se as tropas romanas, es­conderam ali sua biblioteca! Nas 267 cavernas examina­das, foram encontrados fragmentos de 332 obras, ao todo. Encontraram, inclusive, cartas do líder dessa revolta: Bar Kochba, em perfeito estado, estando sua assinatura bem nítida. Nos MSS encontrados há trechos de todos os livros do AT, exceto Ester.

h. Cálculo da data de um MS Calcula-se a data de um MS:
1) Pela forma das letras. Cada forma representa uma é-poca, tanto no grego como no hebraico.
2) Pelo modo como estão escritas as palavras no texto. Se ligadas ou separadas. Isto também indica época.
3) Pelas letras iniciais de títulos, parágrafos, etc. Se adornadas ou singelas. Isto também indica o tempo.
1. Pelo carbono-14. Este é um método científico e revo­lucionário. Trata-se do seguinte: Todo ser vivo absorve C-14. Cada 5.600 anos o C-14 perde metade de sua radioativi­dade primitiva. Assim cen

Era preciso a tradução da Bíblia para dar cumprimento às palavras do Senhor Jesus após ressuscitar: "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura" (Mc 16.15). Ora, o mundo está dividido em nações, tribos e povos, cada qual com suas línguas. Hoje, quando vemos as Escrituras traduzidas em mais de 1.700 línguas, sabemos que Aquele que comissionou os discípulos para tão grande obra, prove­ria também os meios para a sua realização.
a. Versões semíticas.

1) O Pentateuco Samaritano.
Não é propriamente uma versão. É o texto hebraico do Pentateuco, escrito nos velhos caracteres hebraicos ou em samaritano. O samaritano é um dialeto oriundo do hebrai­co antigo, surgido com a mistura do povo assírio trazido para Samaria por Sargão II, por ocasião do cativeiro das 10 tribos. É uma mistura do hebraico antigo com o assírio. Dele existem muitas cópias. É a Bíblia da seita dos sama-ritanos, que teve início com a expulsão de Manasses de Je­rusalém (Ne 13.23-30), e a conseqüente construção de um templo rival no monte Gerizim. Isso marcou o início da contínua separação, pela qual "os judeus não se comuni­cam com os samaritanos" (Jo 4.9). Em 1616, Pietro Delia Valle trouxe para a Europa o primeiro exemplar do Penta­teuco Samaritano, comprando-o em Damasco, da mão de um samaritano. Os MSS existentes estão escritos em sa­maritano. Em Nablus (a antiga Siquém) os samaritanos exibem antigos MSS do Pentateuco Samaritano na sina­goga que lá se encontra. Há um desses manuscritos que eles afirmam ter sido escrito por um bisneto de Moisés, no 13? ano após a conquista de Canaã, por Josué, o que sabe­mos ser mera conjectura, sem fundamento.


2) Os Targuns.
São paráfrases ou explicações, em aramaico do AT. A palavra significa "interpretações". Quando os judeus re­gressaram do exílio, tinham perdido o uso do hebraico. Era preciso que tivessem as Escrituras em hebraico, mas tam­bém era preciso que alguém lhes transmitisse o real signifi­cado do texto. Nesse tempo, a leitura em público, das Es­crituras, era seguida de explicação pelo leitor, para que o povo pudesse entender (Ne 8.8.) Os Targuns eram a princí­pio resumidos e simples, mas pouco a pouco tornaram-se aperfeiçoados e, finalmente foram reduzidos a escrita. Os principais Targuns são:
• O da Lei, feito por Ónquelos, amigo de Gamaliel, do Século II d.C.
• Os dos Profetas e Livros Históricos, feitos por Jonathan Ben Uziel, que diz ter sido discípulo de Hilel, de é-poca posterior. (Não confundam os Targuns com o Talmu-de; este é o conjunto de tradições judaicas e explicações orais do AT reduzidas a escrita no Século II d.C.)
b. Versões gregas.

1) A Septuaginta.
É comumente designada por "LXX". O nome vem do latim "Septuaginta", que quer dizer "70". Aristeas, escri­tor da corte de Ptolomeu Filadelfo, que reinou de 285-246 a.C, escrevendo a seu irmão Filócrates, conta que o referi­do monarca, por proposta de seu bibliotecário, Demétrio de Falero, solicitou ao sumo sacerdote judaico, Eleazar, que lhe enviasse doutores versados nas Sagradas Escritu­ras para preparar-lhe uma versão delas, em grego. Ele muito ouvia falar das Escrituras e queria uma versão de­las, para enriquecer sua vasta biblioteca, em Alexandria. O sumo sacerdote escolheu 72 eruditos (6 de cada tribo) e enviou-os a Alexandria, os quais completaram a versão em 72 dias. Josefo registra o fato com detalhes que o espaço não nos permite registrar. De 72 derivou-se o nome "Sep­tuaginta."
A tradução foi feita na ilha de Faros, situada no porto da cidade. Essa Bíblia teve a mais ampla difusão entre as nações, especialmente naquelas onde estavam os judeus da dispersão oriunda do cativeiro. Os magos que visitaram o menino Jesus, sem dúvida, conheciam esta Bíblia no Oriente.

Foi a Septuaginta um dos meios que Deus usou na preparação dos povos e nações para o advento do Evange­lho que seria proclamado por Jesus e seus discípulos, ao chegar a "plenitude dos tempos" (Gl 4.4). Ela, por onde quer que ia, disseminava as profecias que apontavam para o Messias. A língua grega foi outro veículo usado por Deus. Ela serviu para levar o Evangelho ao mundo de então.
Foi a Septuaginta a primeira tradução completa do AT, do original hebraico. Foi também ela que situou e di­vidiu os livros por assuntos como os temos hoje: Lei, Histó­ria, Poesia, Profecia. Não há um só exemplar original da Versão dos Setenta; somente cópias, a mais antiga das quais data de 325 d.C. (É o MS Vaticano, estudado noutra parte deste capítulo.) A carta de Aristeas é tida por espú­ria por modernos estudiosos; sustentam estes que a Versão Septuaginta foi preparada aos poucos; que o Pentateuco foi traduzido em 250 a.C, e em seguida, os demais livros; terminando a versão em 150 a.C. Seja como for, é ela a mais antiga tradução da Bíblia hebraica. Os outros gran­des MSS da LXX são os já estudados códices: Vaticano, Sinaítico e Alexandrino. A Septuaginta é usada ainda hoje na Igreja Grega. Sua primeira aparição impressa é a cons­tante da Complutensiana Poliglota publicada em Alcalá, província de Madri, em 1514-1517, e distribuída em 1522 pelo Cardeal Ximenes.

2) A versão de Áqüila, natural de Sínope, cidade do Ponto. É uma tradução puramente literal. Contém só o AT. Foi feita em 138 d.C, no reinado de Adriano. Existe em fragmentos.
3) A versão de Teodocião, natural de Éfeso, coevo de Justino Mártir, que o menciona em seus escritos. Foi feita em 160 d.C, no tempo do Imperador Cômodo. Não é mais que uma revisão dos LXX. Contém só o AT. Teodocião era ebionita.

4) A versão de Símaco, feita em 218. Só do AT. Símaco era também ebionita. Existe em fragmentos.
1. A Héxapla, de Orígenes. Não é propriamente uma versão; é obra compendiada. Devido a falhas na tradução da Septuaginta, Orígenes, grande erudito da igreja primitiva, compôs, em Cesaréia, a sua Héxapla, ou versão de 6 colunas, em 228 d.C. As seis colunas estão dispostas da di­reita para a esquerda, assim:

1ª O texto hebraico
2ª O texto grego traduzido do hebraico
3ª A versão de Áqüila
4ª A versão de Símaco
5ª A Septuaginta
6ª A versão de Teodocião
Jerônimo consultou essa obra no Século IV. É também citada por Euzébio, que dela copiou o texto dos LXX e também correções e edições de outros tradutores que Orí-genes incluíra. Admite-se que a famosa Héxapla perdeu-se no saque dos sarracenos contra Cesaréia, em 653 d.C. Se ela tivesse chegado até nós, teríamos hoje três traduções gregas para comparar com a dos Setenta. Dela só se conhe­ce citações. O texto dos Setenta, da Héxapla, foi publicado em 1714 por Montfaucon. Euzébio, bispo de Cesaréia (263-340) o copiara.

c. Versões siríacas.

A partir de agora, entra nas versões o NT. Poucos anos após a fundação da Igreja havia igrejas espalhadas em re­giões remotas como Ásia Menor, Roma, Antioquia, etc, isso devido ao zelo inflamado pelo Espírito Santo nos cren­tes de então. Eles percorriam as estradas acima e abaixo contando a história de Jesus. A disseminação das Escritu­ras era por meio de cópias manuscritas. Os apóstolos de Je­sus ainda viviam quando as primeiras versões siríacas fo­ram feitas.
1) A Peshito. Significa simples. Foi feita diretamente do hebraico, pela Igreja Siríaca de Edessa, no Nordeste da Mesopotâmia, no século II. Abrange pela primeira vez o NT, com exceção de poucos livros. E ainda hoje a Bíblia do remanescente da Igreja Siríaca. Começou a ser feita quan­do ainda viviam os apóstolos, isto é, no século I, e foi con­cluída entre 150 a 200 d.C. Deu origem a outras versões, como seja, a árabe, a pérsica e a armênia. Esta versão ser­viu às igrejas do Oriente.

2) A versão Filoxênia. Traduzida por Filoxeno, em 508, bispo de Hierápolis na Ásia Menor. Compreende só o Novo Testamento.
d. Versões latinas.
O latim era a língua falada pelos romanos. Foi língua importantíssima, especialmente considerando-se que o úl­timo império mundial foi o romano.
O latim foi implanta­do à medida que o império romano realizava suas conquis­tas. João, em seu Evangelho, diz-nos que o título posto sobre a cruz de Jesus estava escrito também em latim (Jo 19.20). Foram as seguintes as versões latinas:

1) A Antiga Versão Latina. É também chamada Versão Africana do Norte. Foi feita na África do Norte, possivel­mente em Cartago. Abrange ambos os Testamentos. Ser­viu às igrejas do Ocidente. Seu AT foi traduzido não do texto hebraico e sim do texto grego da Septuaginta. Foi concluída em 170 d.C. Era bem conhecida por Tertuliano, falecido em 220, e de Agostinho. Teve várias revisões. Dela restam uns 40 MSS.
2) A ítala. Também conhecida por Vetus ítala (em la­tim). É mais propriamente uma revisão da Antiga Versão Latina. Foi preparada na Itália, na segunda metade do Sé­culo II. Abrange ambos os Testamentos.
3) A Revisão de Jerônimo. É uma revisão da Antiga Versão Latina, feita por Jerônimo em 382-387 d.C. Jerôni­mo foi encarregado disso por Dâmaso, bispo de Roma. Nesse trabalho Jerônimo utilizou a Héxapla de Orígenes. Foi nesse tempo que a Septuaginta começou a cair em de­suso.
4) A Vulgata. É uma nova versão da Bíblia por Jerôni­mo. O AT foi traduzido diretamente do hebraico, e do NT revisto. Em assuntos bíblicos, foi Jerônimo o homem mais sábio do seu tempo. Era também dotado de grande pieda­de e valor moral. Para realizar esta obra, ele instalou-se num mosteiro, em Belém. Baseou-se na Héxapla de Oríge­nes. A versão foi feita em 387-405 d.C. Tinha Jerônimo 60 anos quando iniciou a tarefa. Já antes, em Belém, fizera a revisão da Antiga Versão Latina.
A Vulgata foi a Bíblia da Igreja do Ocidente na Idade Média. Foi também ela o primeiro livro impresso após a invenção do prelo, saindo à luz em 1452, em Mogúncia, Alemanha. Devido à popularidade e difusão que teve, foi, no tempo de Gregório o Grande (604 d.C), denominada "Vulgata", do latim "vulgos" = povo, isto é, versão do po­vo, popular, corrente. Por mil anos a Vulgata foi a Bíblia de quase toda a Europa. Foi ela também a base de inúme­ras traduções para outras línguas.

Foi decretada como a Bíblia oficial da Igreja Romana no Concilio de Trento, 4? Sessão, em 8 de abril de 1546; decreto este somente cum­prido em 1592 com a publicação de nova edição da Vulgata pelo Papa Clemente VIII. Jerônimo nasceu em 342 e fale­ceu em Belém, em 420.
e. Outras versões orientais. Entre estas podemos mencionar:
1) As versões egípcias ou cópticas. São 3 as de primeira ordem. Foram feitas até o ano 500 d.C.
2) A Etíope, feita em 330, abrangendo ambos os Testa­mentos, com base na LXX.
3) A Gótica, feita em 350, de ambos os Testamentos também, com base na LXX.
4) A Armênia, feita no Século V. Base: os LXX.
5) A Georgina, feita no Século V. Preparada por meio de cópias da versão Armênia.
6) A Eslavônica, feita no Século IX. Base: os LXX. É ainda hoje usada pelos eslavos orientais e meridionais. Ambos os Testamentos. Foi preparada por dois irmãos missionários tessalonicenses à Bulgária e Morávia: Cirilo e Metódio.
Além destas versões orientais, há ainda as versões ára­bes, mas, de pouca importância para a crítica textual.

f. Versões européias.
Após um intervalo de 300 anos, começaram no Século XII as traduções nas línguas da Europa, tais como o fran­cês (1487), o italiano (1432), o alemão (1534), o sueco (1541), o dinamarquês (1550), o holandês (1560), o espa­nhol (1602), o finlandês (1642), o português (1681), etc. Hoje em dia a Bíblia está traduzida não só em todas as principais línguas da Europa, como também em todas as principais do mundo.
Em muitos dos países acima mencionados, houve tra­dução das Escrituras em datas bem anteriores, mas em porções e com diminuta circulação. A base da maioria das traduções que acabamos de mencionar foi a Vulgata.
Das versões européias, vamos destacar apenas três, de­vido à sua importância, que são:

1) Versões inglesas.
Foi a Bíblia que formou a mentali­dade do povo inglês e firmou a seriedade nacional. O povo inglês tem alta veneração pela Bíblia. Ela é tida e conside­rada como o sustentáculo daquele povo. Quando certo im­perador chinês perguntou à rainha Victória: - "Que fez a vossa nação tornar-se tão importante em todos os senti­dos?" Tomando uma Bíblia em suas mãos, respondeu a rainha: - "Este Livro, senhor".
A Inglaterra foi a primeira nação a ter a Bíblia em sua própria língua. Até então, as Escrituras estavam encerra­das em latim, desde muitos séculos; língua essa já desco­nhecida do povo em geral. Pequenas porções da Bíblia fo­ram traduzidas para o inglês a partir do Século VIII. Beda, falecido em 735, traduziu os quatro Evangelhos. Outras porções foram traduzidas até 1300 d.C.
Houve 13 principais versões em inglês, abrangendo a Inglaterra e os Estados Unidos, feitas entre 1380 e 1978. A primeira, de 1380, foi feita por John Wycliffe. Este foi um grande erudito e estudioso das Escrituras. Decidiu tradu­zir toda a Bíblia para a língua inglesa. O NT foi concluído em 1380. Até que ponto Wycliffe traduziu o AT é incerto, pois morreu em 1380, antes de completar a tarefa. Depois de morto, seu túmulo foi aberto por ordem do Papa; seu es­queleto foi queimado e as cinzas lançadas ao rio Swift. Seus auxiliares concluíram o trabalho após sua morte. É tradução da Vulgata. Tanto Wycliffe como seus auxiliares enfrentaram tenaz oposição. O prelo ainda não existia, e um escriba levava muitos meses para copiar uma Bíblia. Os exemplares eram caríssimos. Foi publicada em 1388 por Purvey, já com revisões. Purvey era o assistente de Wyclif­fe.
Pela ordem, o segundo tradutor inglês foi Tyndale. Es­tudou em Cambridge e Oxford. Conhecia a fundo o grego e demais línguas bíblicas. A Bíblia do Tyndale foi a primeira versão inglesa feita dos idiomas originais. Foi também a primeira Bíblia impressa em inglês. Tyndale enfrentou tal perseguição na Inglaterra, que foi obrigado a seguir para a Europa continental para poder continuar seu trabalho. Publicou ele o NT em Worms, Alemanha, em 1525. Devido à perseguição, os exemplares tiveram de entrar na Ingla­terra como contrabando. Lá, quando descobertos, eram queimados.

Tyndale foi morto antes de concluir a tradução do AT. Foi estrangulado e depois queimado, em 6 de ou­tubro de 1536, pelos católico-romanos de Antuérpia. A in­fluência do seu monumental trabalho continua até hoje, porque a famosa Versão Autorizada, hoje em uso, é prati­camente uma revisão da de Tyndale.

As quatro principais versões recentes inglesas são:

a) A Versão Autorizada ou Versão do Rei Tiago. Seis meses após Tiago subir ao trono da Inglaterra (1603) presi­diu uma conferência religiosa em Hampton, já em 1604. A conferência tinha por fim considerar as queixas dos purita­nos contra os anglicanos. Dessa conferência resultou a no­meação de 54 teólogos para prepararem uma nova versão da Bíblia (mas só 41 tomaram parte na obra). Foi publica­da em 1611. Continua até hoje sendo a Bíblia favorita dos povos de fala inglesa. Há 3 séculos vem ela mantendo o primeiro lugar entre as demais versões em inglês.
b) A Versão Revisada (English Reuised Version). Feita por um grupo de sábios ingleses e norte-americanos. O Novo Testamento foi publicado em 1881 e o AT em 1885. Tem grande vantagem sobre as Bíblias anteriores. É uma revisão da Versão Autorizada. No seu preparo foram utili­zados MSS a que os teólogos da Versão Autorizada não ti­veram acesso. Nela tomaram parte homens famosos como Sayce, Driver, Angus, Lightfoot, Westcott e outros douto­res da Bíblia.
c) A Versão Revisada Americana (American Standard Version). Esta versão é o texto preferido pelos membros norte-americanos do Comitê que preparou a Versão Revi­sada de 1881-1885. Foi publicada em 1900 (NT) e 1901 (AT).
1. A Versão Padrão Revisada (Revised Standard Ver­sion).^ mais uma nova versão do que revisão. Foi preparada nos Estados Unidos. Os primeiros passos para essa grande obra foram dados em 1929 quando foi nomeado o corpo de teólogos tradutores e mestres de reconhecida competência. Alguns deles foram Goodspeed, Moffat, Millar Burrows, Abright. Novos textos originais foram consultados. O NT foi publicado em 1946 e o AT em 1952. Há prós e contras quanto a esta versão. Não teve a popula­ridade que era de se esperar.

As quatro versões mais recen­tes são: New English Bible (1970); Good News Bible (1976); Jerusalém Bible (1966), e New International (1978). Esta última é considerada a versão mais fiel publi­cada até hoje em língua inglesa.
2) Versão alemã. Lutero preparou-a traduzindo dos ori­ginais. Concluiu-a em 1534. Houve antes outra versão deri­vada da Vulgata, de tradução literal, no Século XIV. Lute­ro executou o trabalho em plena Reforma, publicando a versão em 1522. Esta Bíblia foi de inestimável valor para o Movimento da Reforma. Foi tão bem feita que serviu de base para o alemão literário. Na Alemanha, a Bíblia é con­siderada como o começo da literatura alemã.
3) Versões em português. Como aconteceu em relação a outros idiomas, a Bíblia não foi inicialmente traduzida por inteiro em português. D. Diniz, rei de Portugal (1279-1375), traduziu da Vulgata uma parte do livro de Gênesis. O Rei D. João I (1385-1433) ordenou a tradução dos Evan­gelhos. Esse mesmo rei traduziu os Salmos. Frei Bernardo traduziu o Evangelho de São Mateus no Século XV. Em 1495, a rainha Leonor, casada com D. João II, mandou publicar o livro "Vida de Cristo", uma espécie de harmo­nia dos Evangelhos. Em 1505, a mesma rainha mandou imprimir os Atos e Epístolas Universais.

Agora vejamos as traduções completas.
a) A Versão de Almeida.
João Ferreira d'Almeida foi ministro do Evangelho da Igreja Reformada Holandesa, em Batávia, então capital da ilha de Java, na Oceania. (Batávia é agora a moderna Dja-karta, capital da Indonésia) Java era então domínio holan­dês, conquistada aos portugueses. Almeida traduziu pri­meiro o Novo Testamento, terminando-o em 1670; em 1681 foi ele impresso em Amsterdam, Holanda, isto é, 100 anos antes da primeira edição católica da Bíblia - a de Figueire­do, 1781! Almeida traduziu o Antigo Testamento até Eze-quiel 48.21, quando então faleceu em 1691. Missionários seus amigos completaram a tradução, especialmente Ja-cob Opden Akker. Almeida fez sua tradução do grego e hebraico, línguas que estudou após abraçar o Evangelho. Utilizou também as versões holandesa (de 1637) e a espa­nhola (de Valera, 1602). Seu Antigo Testamento foi publi­cado em 1753, em Amsterdam.

A Sociedade Bíblica Britâ­nica e Estrangeira começou a publicar o texto de Almeida em 1809, publicando a Bíblia completa pela primeira vez, em 1819. O texto de Almeida não era muito bom por ele ter deixado Portugal muito cedo e não ter cultura profunda.
O texto de Almeida foi revisado em 1894 e 1925. Em 1951, a Imprensa Bíblica Brasileira (organização batista independente) publicou a "Edição Revista e Corrigida", abreviadamente ARC.
Uma comissão de especialistas brasileiros trabalhando de 1945 a 1955 apresentou recentemente a "Edição Revista e Atualizada" de Almeida (ARA). É uma obra magnífica com linguagem qualificada e de melhor tradução. O NT foi publicado em 1951 e o AT em 1958. A publicação é da So­ciedade Bíblica do Brasil. A comissão revisora compôs-se de 30 elementos dos mais abalizados de várias denomina­ções. Foram membros, figuras como Sinésio Lira, A.C. Gonçalves, Crabtree, R.G. Bratcher, W. C. Taylor. Foi usado o texto grego de Nestle para o NT, e o hebraico de Letteris, para o AT. Fez-se o melhor possível. Há uma co­missão permanente de revisão acompanhando os progres­sos da crítica textual.
Alguns dados pessoais de Almeida. Nasceu em Torre de Tavares, em Portugal, em 1628. Emigrou para a Holanda, e daí seguiu para Java, achando-se aí em 1641. Converteu-se na Igreja Reformada Holandesa em 1642 por meio de um folheto que tratava sobre a "Diferença da Cristandade en­tre a Igreja Reformada e a Igreja Romana". Casou-se em 1651 com a filha de um pastor. Foi ordenado ao santo mi­nistério em 16 de outubro de 1656. Aprendeu grego e hebraico e começou a traduzir o Novo Testamento, tendo como base o "Textus Receptus" dos irmãos Elzevirs, segunda edição de 1633. Faleceu em 6 de agosto de 1691. A Igreja Católica, através do tribunal da Inquisição, quei­mou-o em estátua, em Gôa, antiga possessão portuguesa na índia. A Igreja Romana, nem mesmo agora, no chama­do Ecumenismo, se desculpou de tais coisas...

b) A Versão de Figueiredo.
O padre Antônio Pereira de Figueiredo, português, le­vou 17 anos no preparo de sua versão. Publicou o NT em 1781 e o AT em 1790. É tradução da Vulgata. Foi um dos maiores latinistas do seu tempo. Desde 1821, a SBBE publica o texto de Figueiredo.
O texto atual publicado pela SBBE é superior ao primitivo.
c) A Tradução Brasileira. Começou em 1904, por uma comissão de vultos do evangelismo brasileiro, nomeada pela SBA (Sociedade Bíblica Americana) e SBBE (Socie­dade Bíblica Britânica e Estrangeira). Entre outros, foram membros da comissão: Antônio Trajano, Eduardo Carlos Pereira e Hipólito de Oliveira Campos. O NT foi publicado em 1910 e o AT em 1917. A tradução é mui fiel ao original. Há muita rigidez na tradução. Falta-lhe a beleza de estilo e a segurança vernacular, porque a tradução é literal, e não à base da equivalência dinâmica, como se diz em lingüísti­ca.
d) A Versão de Rhoden. Consta só o NT. Era padre bra­sileiro de Santa Catarina, quando da tradução. Começou o trabalho como estudante, na Alemanha, em 1924-1927, concluindo-o no Brasil. Foi publicada em 1935. Este padre deixou a Igreja Romana. É versão muito usada para estudo comparativo e crítica textual. O texto grego usado foi o de Nestle.
e) A Versão de Matos Soares. Também padre brasilei­ro. Traduziu a Vulgata. Concluiu a tradução em 1932, mas só em 1946 foi publicada. É a Bíblia popular dos católico-romanos brasileiros. A versão carece de fidelidade. Como todo tradutor católico, nota-se em Matos Soares precon­ceitos e tendências, especialmente nos itálicos, que às ve­zes tem texto maior que o próprio original. O Papa é coni­vente nisto, conforme sua carta do Vaticano de 1932.

Alguns outros informes sobre a Bíblia em português.

• A Bíblia foi impressa a primeira vez no Brasil, em 1944, pela Imprensa Bíblica Brasileira.
• Entre as Bíblias mais populares do mundo está a em português. As outras são: a Vulgata, a de Lutero, e a Ver­são Autorizada (inglesa).
• Há no Brasil três entidades evangélicas publicadoras e distribuidoras de Bíblias. A primeira é a Imprensa Bíbli­ca Brasileira fundada em 1940. A segunda é a Sociedade Bíblica do Brasil fundada em 10-06-1948, resultante da fu­são das agências da SBA e SBBE que funcionavam no Bra­sil. A terceira é a Sociedade Bíblica Trinitariana, com sede em São Paulo.

• A primeira agência distribuidora de Bíblias no Brasil foi a da SBBE, em 1856; a segunda foi a da SBA, em 1876, ambas na cidade do Rio de Janeiro. Antes disso, vinham Bíblias para o Brasil através de comandantes de navios, que as entregavam a casas comerciais para revenda. A mais antiga Sociedade Bíblica do mundo é a SBBE funda­da em 1804; a segunda é a SBA, fundada em 1816.
• Na distribuição de Bíblias em todo o mundo, o Brasil ocupa o segundo lugar!

IV. PARTICULARIDADES SOBRE O TEXTO BÍBLICO EM GERAL E A SUA TRADUÇÃO

1) As palavras em itálico. Não constam do original. Fo­ram introduzidas na tradução para completar o sentido do texto. Em português, a única versão protestante com itáli­cos é a ARC.
2) O uso da margem. Muitas Bíblias tem na sua mar­gem em determinados trechos, a tradução literal do hebraico ou do grego. Às vezes, tem uma tradução diferen­te quando o caso é duvidoso. São muito úteis essas notas marginais.
3) Datas impressas no texto. Muitas Bíblias antigas, em português, bem como noutras línguas, trazem datas impressas no texto. São datas da chamada "Cronologia Aceita" elaborada pelo arcebispo Ussher (anglicano) e in­seridas pela primeira vez no texto bíblico em 1701. Depois de Ussher, surgiram outras cronologias como a de Calmet,
Hales, etc. As investigações modernas e descobertas ar­queológicas têm alterado em muitos pontos a cronologia tradicional. A cronologia é terreno movediço, especialmen­te quanto aos primeiros milênios da História.
4) O sumário dos capítulos. São preparados pelos edito­res, e nada tem com a inspiração e o texto original. As ex­ceções são algumas frases introdutórias de certos salmos, como o 4, 5, 6, 7, 8, 9, 22, 32, 45, 46, 53, 56, 69, 75, etc. Tais sumários nem sempre correspondem aos capítulos aos quais se referem. Há casos até negativos, como a parábola dos "Dez Talentos", quando não são dez; a "Parábola do Rico e Lázaro", quando não se trata de parábola, e assim por diante.
1. A divisão do texto bíblico em capítulos e versículos. Não vem do original.
A primeira Bíblia que trouxe essa di­visão foi a Vulgata, em 1555. Em muitos casos, a divisão tanto em capítulos como em versículos, quebra o sentido, biparte o texto e altera toda a linha do pensamento. Exem­plo de capítulos: Isaías 53, que devia começar em 52.13; João capítulo 8, devia começar em 7.53; 2 Rs 7 devia come­çar em 2 Rs 6.24; o capítulo 3 de Colossenses devia termi­nar 4.1; o capítulo 10 de Mateus devia começar em 9.35; Atos 5 devia começar em 4.36, etc.
Com a divisão em versículos, acontece a mesma coisa, por exemplo: Efésios 1.5 devia começar com as duas últi­mas palavras de 1.4; 1 Coríntios 2.9,10 devia ser um só versículo; o mesmo devia ocorrer com Jo 5.39,40. Na Epís­tola aos Romanos, bem como em Efésios, há diversos casos desses. Também a divisão em versículos não é a mesma em todas as versões; por exemplo Daniel 3.24-30 da ARC, cor­responde a 3.91-97 em Matos Soares; Lucas 20.30 na ARC, corresponde a Lucas 20.30,31 na "Tradução Brasileira". Marcos 9.49 deve ficar ligado ao versículo 48, e não como está na ARA, tendo a epígrafe entre os dois versículos.
6) A divisão do texto em parágrafos é muito útil para a sua compreensão. O Salmo 2, por exemplo, contém 5 pará­grafos, tendo cada um aplicação diferente (vv 1-3, 4-6, 7-9, 10-12a; 12b). A única versão em português que indica os parágrafos é a ARA, com um tipo negrito cada vez que isso ocorre. Há versões noutras línguas que dão tanta importância a essa divisão, que, para maior comodidade do lei­tor, imprimem o próprio sinal gráfico para parágrafo (mui­to parecido com um "P" invertido).
7) Traduções da Bíblia até 1984. A Bíblia toda ou em parte acha-se traduzida em 1795 línguas e dialetos.
Ainda restam cerca de 1.000 línguas em que ela precisa ser traduzida.

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