sexta-feira, 26 de setembro de 2008

VIDA E COSTUMES BIBLICOS E DIFICULDADES BIBLICAS

Vida e costumes dos povos bíblicos

A vida, com seus usos, leis e costumes, difere de povo para povo, isso modernamente. Imagine-se como não estão distantes os costumes antigos orientais tão citados na Bíblia! Esses fatos, quando não compreendidos hoje, são tidos como aberrações. A Bíblia cita inúmeras leis, precei­tos, coisas e costumes do modo de viver oriental, que se o estudante desconhecer suas causas, razões, e modo de ser, não compreenderá muita coisa da revelação divina, já que tais fatos estão entretecidos no corpo do relato bíblico. Quem quer que se ocupe da leitura e estudo do Santo Livro estará sempre se deparando com essa dificuldade.
Vamos destacar alguns casos dos acima mencionados, e estudá-los resumidamente, já que um elementar curso de Introdução Bíblica não comporta o exame demorado da matéria em questão.
1. Gênesis 24.2; 47.29-31
O juramento com a mão sob a coxa. Significava então submissão, obediência irrestrita. Por isso Deus tocou a coxa de Jacó! (Gn 32.24-32). Realmente, dali para a frente Jacó tornou-se um homem de Deus. Até seu nome foi mudado!
2. Gênesis 37.34 - Rasgar as vestes
Era demonstração de luto, lamento, tristeza. Há 28 ca­sos na Bíblia. Os sacerdotes não podiam fazer isso (Lv 10.6), mas, o de Mateus 26.5 o fez, sem razão. Esse ato de rasgar as vestes obedecia a uma série de regras.
3. Juizes 5.10 - O cavalgar sobre jumentas brancas Era então costume exclusivo dos reis, juizes e fidalgos. Isso explica a passagem em apreço.
4. Juizes 9.45 - Semeadura de sal
Esse ato significava desolação perpétua sobre o local. Castigo perene.
1. Rute 3.9 - Pôr a aba da capa sobre alguém Significa a proteção.

Aqui tratava-se da lei do levirato, conforme Deuteronômio 25.5-10, portanto nenhuma in­decência havia aqui, como muitos o querem.
6. Salmo 119.83 - Um odre na fumaça
Odres são vasilhas feitas de peles para o transporte de líquidos. Eram postas sobre a fumaça para ficarem en­durecidas pelo calor e fumaça. Isso também fazia au­mentar de resistência a espessura do couro, através do encolhimento. Fala do estado de alma de Davi.
7. Mateus 1.18 - Maria desposada com José
Na linguagem do Antigo Testamento, o termo significa noivos, conforme vemos em Deuteronômio 20.7; 22.23,24. Naqueles tempos, em Israel, o noivado era ato seriíssimo. E de fato o é. Os noivos tinham responsabi­lidade como se fossem casados! Em suma: Em Israel, o noivado era o primeiro ato do casamento. Nessa oca­sião, o noivo entregava à noiva o contrato de casamen­to, ou uma moeda inscrita: "Consagrada a mim."
8. Mateus 25.1-13 - Um casamento oriental
As núpcias duravam 7 ou mais dias. A união definitiva do casal somente tinha lugar no último dia. Nesse dia, o noivo dirigia-se à casa da noiva, à noite, e a conduzia para sua casa. Às vezes, o ato ocorria também de dia. A lua-de-mel durava um ano! (Dt 24.C).
9. Mateus 27.48 - O vinho oferecido a Jesus na cruz Tal praxe era usada então para tornar as vítimas in­sensíveis antes da morte. Jesus recusou. Sofreu a morte em estado de plena consciência.
10. Lucas 5.19- ü teto (eirado) da casa, aberto com tanta facilidade
As casas da Palestina não tinham telhado, e sim eira­do. Isto é, uma espécie de lage, feita de vigas de madei­ra, recobertas de pedra e barro. O eirado recebia trata­mento especial, a fim de recolher águas pluviais, dada a carência de água potável na citada região. Num teto assim, era fácil preparar uma abertura.

1. Lc 10.4 - A ordem de Jesus: "A ninguém saudeis pelo caminho"

Não se tratava de indelicadeza. O tempo que restava para Jesus era pouco, muito pouco, e as saudações orientais tomavam muito tempo, não somente devido à troca de expressões formais, mas também por causa das poses que o corpo assumia. Se os enviados por Je­sus cumprimentassem o povo segundo a maneira da­quela época, Ele não cumpriria sua missão redentora no devido tempo. Ele sempre se referia ao "meu tem-po".
12. Atos 1.12 - O caminho de um sábado
Isto é, o caminho permitido no dia de sábado. Era a distância que ia da extremidade do arraial das tribos, ao tabernáculo, quando no deserto. Essa distância era de 2.000 cúbitos, equivalente a 1.200 metros (Js 3.4).
13. Romanos 12.20 - Brasas sobre a cabeça do inimigo (Pv 25.21,22)
O fato refere-se às leis levíticas de Levítico 16.12, quan­do o sumo sacerdote fazia expiação pelo povo, incluin­do o incensário cheio de brasas. A expiação satisfazia à justiça de Deus, promovendo a reconciliação do ho­mem com Ele.
Os poucos casos aqui citados servem para dar uma idéia do valor que há na compreensão da vida, das leis, e dos usos e costumes antigos, orientais, conforme ve­mos na Bíblia. Há inúmeros casos. Citamos aqui ape­nas alguns como exemplo. Eles estão na revelação divi­na, elucidando muitos de seus aspectos.

Dificuldades da Bíblia

I. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

1. As dificuldades da Bíblia situam-se no campo da Her­menêutica Sagrada.
2. Hermenêutica é o estudo das leis e princípios de inter­pretação das Sagradas Escrituras, para se chegar ao sentido do texto bíblico.
3. O termo "hermenêutica" significa literalmente "inter­pretar" e deriva do vocábulo grego "Hermes", um dos chamados deuses da antiga mitologia grega, porta-voz dos deuses e protetor dos viajantes. Era o deus do co­mércio e dos comerciantes.
4. O termo grego "Hermes", corresponde ao latino "Mer­cúrio", palavra esta derivada de "merx", mercado, co­mércio, e aparece em Atos 14.12, ligado ao evento ocor­rido em Listra, na Ásia Menor, quando os habitantes dessa cidade, vendo um milagre operado por meio de Paulo, julgaram-no um deus, chamando-o de Mercú­rio.
5. No paganismo romano, Mercúrio era filho de Júpiter, também mencionado em Atos 14.12. Júpiter era chefe dos deuses no Panteão Romano. (Júpiter, corresponde ao falso deus grego, Zeus).
6. Passagens históricas da Bíblia, como Atos 14.12, preci­sam ser encaradas no contexto histórico da sua época.
7. A Bíblia foi tecida no tear da História, e não pode ser realmente compreendida se o leitor ignorar os aconteci­mentos e as circunstâncias que a cercam, como por exemplo, a igreja primitiva e seu lugar no mundo gre-co-romano.

II. REQUISITOS PARA O PROGRESSO NO CONHECI­MENTO DAS SAGRADAS ESCRITURAS

Antes de abordarmos o campo das dificuldades bíbli­cas, vejamos alguns assuntos prioritários que devem prece­der à abordagem de dificuldades bíblicas. Um deles é o dos requisitos para o progresso no conhecimento das Sagradas Escrituras.

O plano de Deus para o cristão é que uma vez salvo prossiga até o pleno conhecimento da verdade (1 Tm 2.4 ARA). A tragédia é que milhões de cristãos estacionam após o primeiro passo na vida cristã, o que infalivelmente resulta no seu nanismo espiritual. Alguns requisitos ou fa­tores de progresso no conhecimento da Palavra de Deus, são os que passamos a considerar. 1.^4 espiritualidade do cristão (1 Co 2.15) É o cultivo da vida espiritual profunda. Essa espiritualidade fundamenta-se num profundo amor à Palavra de Deus (Dt 6.6b). Considerar, aí, o ter­mo afetivo "coração".
2. A operação do Espírito Santo no cristão (Jo 14.26; 16.13)
3. A oração constante do cristão (Tg 1.5)
4. O ministério de ensino de mestres cristãos (Ef 4.11) Deus tem na sua Igreja pessoas com o dom e o ministé­rio de ensinar a sua Palavra.
5. Livros apropriados (2 Tm 4.13) Livros de cultura bíblica e secular.
6. Domínio da língua materna
- Como poderá o leitor entender o sentido bíblico do texto, se não entender antes, o que diz o texto na su? língua materna?
7. Conhecimento das línguas originais da Bíblia.
8. Conhecimento de Hermenêutica Sagrada.

III. REGRAS PARA ELIMINAÇÃO DE DIFICULDADES BÍBLICAS

Este é outro assunto prioritário em relação a dificulda­des da Bíblia. Seguem-se algumas regras simples, postas em prática pelo autor, no estudo da Bíblia, anos a fio.
1. Leitura simples, mas contínua da Bíblia toda
A leitura seguida e completa de toda a Bíblia é a única maneira de conhecermos toda a verdade sobre um as­sunto que se quer conhecer.
- Por que é preciso ler toda a Bíblia, nesse caso? - Por­que a revelação divina através da Bíblia é progressiva. Isto é, nada é dito de uma vez, nem uma vez por todas. Um assunto inicia em Gênesis e termina no Apocalip­se, por exemplo.

2. 0 contexto bíblico. Deve-se considerar sempre o con­texto do que se estiver lendo. Destacar textos bíblicos, isolar idéias, enquadrar num tema geral ensinos de uma só parte da Bíblia, é cair em grave erro.
1) 0 contexto geral da Bíblia. Isto é, a analogia geral da Bíblia é um fato. Noutras palavras: nela não há contradições.
2) 0 contexto imediato da Bíblia. Este pode ser ante­rior ou posterior ao texto que se lê ou estuda.
3) 0 contexto remoto da Bíblia é o que fica a longa dis­tância do texto em consideração, mas que com ele faz liame.
3. Comparar Escritura com Escritura (2 Pe 1.20)
Aqui o estudante precisa ter um prévio e geral conheci­mento geral da Bíblia e dispor, pelo menos, de uma concordância bíblica completa. Isto é, deixar a Bíblia falar por si mesma!
4. Qualificações intelectuais do estudante
5. Qualificações espirituais do estudante Especialmente humildade e piedade.
6. Os sentidos da Escritura
O estudante da Palavra de Deus deve ter sempre em mente durante o estudo, os dois grandes sentidos do texto bíblico:
• O sentido literal do texto.
• O sentido figurado do texto.

IV. O PERIGO DO INTELECTUALISMO

1. O nosso século é caracterizado pela busca incessante do saber por parte de todos, e também pela oferta do sa­ber, considerada a multiplicação e a modernização dos meios de comunicação de massa e instituições de ensi­no. Essa busca e oferta podem ser do saber legítimo ou do falso (1 Tm 6.20).
2. Na área da Bíblia há uma tendência atual do estudan­te de depender primeiramente do seu intelecto, de cur­sos, de saber acumulado, de livros de consulta, sem de­pender primeiramente dos meios divinos, caindo, as­sim, infalivelmente, no modernismo teológico, no ra-cionalismo e no humanismo, no liberalismo teológico.
1. Os livros, escolas e cursos podem ser bons, mas jamais serão substitutos da Bíblia mesma.

4. Devemos, sim, examinar livros, mas não para sermos um mero eco ou reflexo deles. Há divergência entre au­tores de livros, mas na Bíblia, jamais!
Não devemos levar mais tempo com os livros, do que com a própria Bíblia!

V. DIFICULDADES DA BÍBLIA

• Referências a considerar, ao se estudar este assunto (Dt 29.29; SI 145.3; Ez 14.23; Rm 11.33,34; 1 Co 13.12; 2 Pe 3.16).
• Há, é certo, dificuldades na Bíblia, mas não contradi­ções.
Não há nela contradições históricas, nem científicas, nem doutrinárias.
• As dificuldades da Bíblia são todas do lado humano, co­mo: tradução mal feita, estudo superficial, má com­preensão, incapacidade humana, idéias preconcebidas, falsa aplicação do texto, falhas de editoração, interpreta­ção forçada.
• Os inimigos da Bíblia, ou aqueles que a encaram apenas como literatura comum, sustentam haver erros nela, mas é claro que um espírito ceticista, farisaico, precon-ceituoso e orgulhoso, sempre achará falhas na Bíblia, porque dela se aproxima querendo "importar" suas fal­sas idéias, quando a atitude correta, devia ser "expor­tar" as idéias dela.
• Se alguma falha for encontrada na Bíblia, será sempre do lado humano.
Portanto, ao encontrarmos na Bíblia um trecho discre-pante, não pensemos logo que é erro! Saibamos refletir como Agostinho, que disse: "Num caso desses, deve ha­ver erro do copista, ou tradução mal feita do original, ou então sou eu mesmo que não consigo entender!" Passemos agora a considerar as dificuldades da Bíblia

1. DIFICULDADES LINGÜÍSTICAS

a. Línguas originais antigas
Línguas essas que evoluíram tremendamente. As duas principais línguas originais são o hebraico e o grego.
Uma dessas línguas é semítica: o hebraico; outra é helênica: o grego.
b. Linguagem figurada em abundância Isto é um fato comum na Bíblia.
c. Diferentes gêneros literários
Isto, por serem muitos os escritores, como por exem­plo:
Epístola Biografia Poesia História Drama Tragédia
d. Má tradução das línguas originais Isto constitui séria dificuldade.
e. Língua materna do falante
(Alguns exemplos na Bíblia, de dificuldades lingüísti­cas. 1) Gênesis 10.25

"E a Éber nasceram dois filhos: o nome dum foi Pele-que, porquanto em seus dias se repartiu a terra..." Aqui, se trata de repartir no sentido de fissura, separa­ção, divisão.
Há muitos verbos hebraicos que significam dividir, re­partir, havendo pequena diferença entre eles. Dois desses verbos têm significado bem diferente: "cha-lak", dividir, aquinhoar, partilhar. O outro verbo é "palag", dividir fazendo pressão ou força sobre o obje­to a ser dividido. É este o verbo usado em Gênesis 10.25.
Trata-se, pois, aqui, na terra sendo dividida em conti­nentes.
Em Gênesis 1.9, temos a terra formando um só bloco. No mesmo livro, 10.25, temos a terra sendo dividida em continentes. Ainda hoje os continentes continuam se separando, conforme afirma e comprova a ciência.
2) Esdras 4.6
"E sob o reino de Assuero, no princípio do seu reinado, escreveram uma acusação contra os habitantes de Ju-dá e de Jerusalém".
Esse "Assuero" é o mesmo "Xerxes" da História secu­lar.
"Assuero" é vocábulo hebraico; "Xerxes" é vocábulo grego.
3) Isaías 45.1
"Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro." Ciro, chamado por Deus de "meu ungido", sendo ele um homem não-crente.
O termo "ungido", em hebraico é "messias". Este ter­mo não se refere apenas a Jesus. Nalgumas passagens, refere-se a reis, profetas, e sacerdotes de Israel. No caso de Ciro, refere-se à sua designação por Deus, para uma missão especial. O termo, nesse caso, nada tem a ver com a santificação ou caráter de Ciro.

4) Isaías 45.7
"Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor faço todas essas coisas". "Mal" aqui, não é mal no sentido moral, mas no senti­do de contratempos.
5) Mateus 12.40-ARC
"Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ven­tre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra".
"Baleia" na ARC, é má tradução. No grego é "ketos", peixe. No hebraico é "daggadol", peixe grande. Ora, todos sabem que baleia não é peixe! A versão ARA traduziu corretamente: "peixe".
6) Mateus 23.35 + 2 Crônicas 24.20
Mateus 23.35 diz que o homem morto no templo foi Zacarias, filho de Baraquias.
2 Crônicas 24.20,21 afirma que o homem morto no templo foi Zacarias, filho de Jeoiada. É que o termo hebraico Jeoiada corresponde ao grego Baraquias. 2. DIFICULDADES GEOGRÁFICAS
a. A Bíblia foi escrita em lugares de três continentes (Europa, Ásia e África), contendo portanto expres­sões, imagens mentais e pensamentos bem diferentes entre si.
b. A Bíblia cita lugares com mais de um nome cada um, como veremos no exemplário adiante.
c. A Bíblia dá um mesmo nome a diversos lugares.
d. A Bíblia trata de lugares que há muito trocaram de nome: (países, cidades, rios, montanhas, mares, etc).
e. Exemplos de dificuldades bíblicas geográficas
1) Diferentes lugares com um mesmo nome: Cesaréia de Filipo, no Norte da Galiléia, cidade inte-riorana.
Cesaréia, porto marítimo, capital política da Palesti­na, nos dias de Jesus, na província da Judéia (Mt 16.13; At 8.40). Antioquia da Síria (At 13.1) Antioquia da Pisídia (At 13.14)
2) Um mesmo lugar com mais de um nome:
Mar da Galiléia
Mar de Genezaré
Mar de Tiberíades
3) Lugares que trocaram de nome:
Pérsia (Irã)
Babilônia (Iraque)
Ilírico (Iugoslávia)
Sevene (Ez 29.10) corresponde à moderna Assuam, no
Egito.

3. DIFICULDADES ANTROPOLÓGICAS

a. Toda dificuldade bíblica é basicamente antropológi­ca.
b. Incapacidade de compreensão da revelação divina.
c. Incompetência do leitor.
d. Ignorância de fatos que esclarecem o assunto.
e. Nanismo espiritual.
f. Exame superficial do texto bíblico.
g. Culturas orientais dos tempos bíblicos, totalmente di­ferentes das nossas ocidentais atuais. São usos e cos­tumes que já não existem, nem mesmo lá no Oriente, quanto mais aqui.
h. Desqualificação do estudante, por incompetência de cultura geral, cultura bíblica, e crítica textual cientí­fica (Hermenêutica).
i. Diferentes personagens com o mesmo nome.
j. Nomes diferentes dados a uma mesma pessoa.
1. Exemplário de dificuldades antropológicas
1) Herodes. Há sete deles na Bíblia. Como diferençá-los.
2) César, o imperador. Há três mencionados no NT. É preciso determinar qual deles é o do texto em trata­mento.
3) Diferentes nomes para uma pessoa:
Jetro, o sogro de Moisés aparece na Bíblia com quatro antropônimos:
• Jetro (Êx 3.1)
• Reuel (Êx 2.18)
• Raguel (Nm 10.29) (FIG)
• Hobabe (Jz 4.11)
(Não confundir com Hobabe, filho do próprio Jetro, Nm 10.29).
O rei Jeoiaquim, de Judá, aparece com três nomes:
• Jeoiaquim (2 Rs 23.36 ARC) (Jeoaquim, ARA)
• Jeconias (1 Cr 3.16,17)
• Conias (Jr 22.24 ARC)

4) Dificuldades de compreensão.
Êxodo 29.37 - "...e o altar será santíssimo: tudo o que tocar o altar será santo".
O sentido é que tudo o que tocar o altar deverá santifi-car-se antes disso. Mateus 18.18; 16.19
"Tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus". O sentido, é que, aquilo que a Igreja desligar ou ligar aqui na terra, deverá ser o que já foi desligado ou liga­do nos céus. Os modismos do grego, em tais casos, são de difícil tradução para as línguas neolatinas. Outro caso: 1 João 3.9. Temos aí o presente infinitivo ativo, no grego, de difícil precisão em português a não ser que se adote paráfrase.
5) Contexto histórico:
Por exemplo: Filipenses 3.20: "a nossa cidade está nos céus".
"Nossa cidade" significa nossa cidadania. O leitor precisa conhecer o sentido especial de "cida­de" entre os romanos, naquela parte do mundo, e co­nhecer a história de Filipos, para entender de fato es­ses versículos.

4. DIFICULDADES CRONOLÓGICAS

a. A Bíblia, quando menciona datas, fá-lo com base em eventos importantes, mas particulares. Os escritores da Bíblia não dispunham de um sistema de datas, como os temos no mundo ocidental. Daí, toda cronolo­gia bíblica ser incerta.
b. Dificuldades nas eras. As eras atuais entraram em uso há pouco tempo, em comparação com a extensão da história bíblica. A Era Grega vem de 776 a.C. (data da primeira Olimpíada); a Era Romana vem de 753 a.C. (data da fundação de Roma); a Era Maometana vem de 662 d.C. (data em que Maomé fugiu de Me­ca); a Era Cristã vem de 5 a.C. (data do nascimento de Cristo), etc.
Essa pluralidade de eras choca o leitor comum ou lei­go, que só tem noções do nosso calendário...
c. Dificuldades no texto bíblico. Há, especialmente no período dos juizes de Israel, no período do reino dividi­do, e no dos profetas, muitos períodos coincidentes em parte, reinados associados, intervalos de anarquia política, frações de anos tomadas por anos inteiros, parte tomada pelo todo, e arredondamento de núme­ros.
d. O erro do nosso calendário. O nosso próprio calendá­rio (chamado Calendário Gregoriano) está atrasado em quase 5 anos devido a um erro de cálculo de Dioní-sio, o monge que o organizou.
É ainda digno de nota que, em 1582 d.C, o Papa Gre-gório XIII alterou o calendário cristão, aumentando-lhe 10 dias, para corrigir uma diferença de minutos que se vinha acumulando desde o ano 46 a.C, quando César reformou o calendário de então.
e. O dia civil. Entre os judeus era contado de um pôr-do-sol a outro. Entre os romanos ia de uma meia-noite a outra. O evangelista João emprega o calendário roma­no, de modo que parece haver choque de horário nos eventos da paixão de Cristo, entre ele e os demais evangelistas, mas não há.
f. O ano. O ano judeu era lunar, causando desencontro entre ele e as estações agrícolas. Para corrigir isto, os judeus tinham, cada três anos, um ano com 13 meses. Isto forçou os israelitas a adotarem o ano do ciclo so­lar, mais tarde.
g. A Bíblia foi escrita num extenso período de 16 séculos. Isto implica uma evidente dificuldade cronológica.
h. Exemplos de dificuldades cronológicas da Bíblia 1) Gênesis 15.13 e Êxodo 12.40
Gênesis 15.13 afirma que a peregrinação de Israel se­ria de 400 anos em terra estranha. Êxodo 12.40 e Gálatas 3.17 falam de 430 anos. Gênesis 15.13 trata, sem dúvida, de arredondamento de números, porque o somatório dos dados fornecidos pelo livro de Gênesis perfaz 430 anos, a saber: • 75? ano de Abraão (Gn 12.14), o nascimento de Isa-que, quando Abraão tinha 100 anos (Gn 21.5) 25 anos
• Do nascimento de Isaque (Gn 21.5) ao nascimento de Jacó (Gn 25.26)... 60 anos
• Do nascimento de Jacó (Gn 25.26), à sua morte (Gn 47.28)... 147 anos
• Da morte de Jacó (Gn 47.28) à morte de José (Gn 37.2 + Gn 41.46 + Gn 47.28 + Gn 50.22)... 54 anos
• Da morte de José (Gn 50.22) ao Êxodo dos israelitas
(Êxodo 12.17)............................................... 144 anos
1. Gênesis 2.2,3 - .......................................430 anos

Os seis dias da criação adâmica, foram ou não dias de 24 horas?
Foram dias de 24 horas. É somente comparar Gênesis 2.2,3 com Êxodo 20.11 e 31.17, com o devido cuidado, e isenção de preconceitos.

5. DIFICULDADES IMAGINÁRIAS E PRECONCEITUOSAS

Essas dificuldades advêm do nosso modo humano de pensar, de julgar, e de ver as coisas, e, nessa situação, queremos interpretar a revelação divina, a. Exemplos de dificuldades imaginárias e preconceituo-sas
1) Gênesis 6.2
"Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram".
Um estudo acurado dos textos bíblicos pertinentes mostrará que "filhos de Deus" eram os descendentes da linhagem piedosa de Sete, e que as "filhas dos ho­mens" eram as descendentes da linhagem ímpia cai-nita. (Ver Deuteronômio 14.1; Mateus 22.30.) Os "filhos de Deus" não poderiam jamais ser anjos de­caídos, porque estando eles decaídos, jamais pode­riam ser chamados "filhos de Deus". Por outro lado, anjos não se casam, porque pertencem a outra esfera de vida, posição e trabalho. (Ver Mateus 22.30.)
2) João 20.12 e Marcos 16.5
João 20.12 fala de dois anjos na manhã da ressurreição de Jesus. Marcos 16.5 fala de um anjo. Não há aqui qualquer dificuldade, porque onde há dois, há um.
3) Atos 20.35 - Aqui há menção de palavras de Jesus, que não são encontradas nos Evangelhos. Não há qualquer dificuldade aqui. Muitas palavras que Jesus falou não foram registradas. Com inúmeros milagres, ocorreu a mesma coisa (Jo 21.25).
4) Romanos 4.3 com Tiago 2.21: Abraão justificado pela fé e pelas obras ao mesmo tempo. - Como? Pela fé, diante de Deus, porque Deus vê fé, e não obras, para a salvação. Pelas obras, diante dos homens, por­que o homem vê obras, mudança de vida, e não fé.

6. APARENTES CONTRADIÇÕES São aparentes contradições, apenas. Exemplos:

a. Gênesis 46.27 e Atos 7.14
Gênesis 46.27 afirma que todos os descendentes de Ja-có que foram ao Egito, somaram 70 pessoas.
Atos 7.14 afirma que eram 75 pessoas. A casa de Jacó era de 70 pessoas (Êx 1.5). A esse nú­mero precisamos somar 5 netos de José (que já esta­vam no Egito).
Dois eram filhos de Manasses: Maquir e Gileade (Nm 26.29).
Três eram filhos de Efraim: Sutela, Bequer, Taã (Nm 26.35).
b. Números 25.9 e 1 Coríntios 10.8
Aqui se trata de um juízo divino que ceifou milhares de israelitas.
1 Coríntios 10.8 afirma que morreram 23.000 pessoas. Números 25.9 fala de todos os que morreram daquela praga - 24.000
c. 1 Reis 8.12 versus 1 João 1.5
1 Reis 8.12 declara: "O Senhor disse que habitaria nas trevas".
1 João 1.5 declara que "Deus é luz, e não há nele treva nenhuma".
1 Reis 8.12 fala de trevas no sentido de inescrutabilidade, mistério, infinitude.
1 João 1.5 fala de trevas no sentido moral.
d. 1 João 2.15 e João 3.16
1 João 2.15. (gr "kosmos") Aqui a Bíblia adverte: "Não ameis o mundo nem o que no mundo há. Se al­guém ama o mundo o amor do Pai não está nele". João 3.16. (gr "kosmos") Aqui a Bíblia afirma que "Deus amou o mundo".
1 João 2.15 fala de "mundo" como um sistema de vi­da, sob a influência diabólica.
João 3.16 fala do "mundo" no sentido de "humanida­de".
e. Ezequiel 20.25
Aqui se nos diz que Deus deu a Israel estatutos que não eram bons.
O sentido é que Deus permitiu que os captores de Is­rael, durante o cativeiro baixassem leis para Israel que não eram boas para eles. Essas leis não eram a lei de Jeová, como a vemos na Bíblia.
f. Mateus 27.9
Aqui está escrito: "Então se realizou o que vaticinara o profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de pra­ta, preço do que foi avaliado, preço que certos filhos de Israel avaliaram".

Ocorre que a profecia acima, encontra-se em Zacarias 11.12,13 e não em Jeremias.
Certamente Jeremias profetizou, e Zacarias escreveu. Ou então Zacarias recebeu profecia idêntica.

7. DIFICULDADES REAIS DA PRÓPRIA ESCRITURA

a. Lucas 16.9. Esta é de fato uma dificuldade bíblica, que, pelo menos o autor não sabe explicar. A leitura em grego leva para a forma interrogativa. Tsso pode ajudar a resolver a dificuldade.
b. 2 Tessalonicenses 2.6-8. - Quem, nesta passagem, é o elemento inibidor, repressor, quanto à manifestação aberta do Anticristo aqui no mundo?
- Se consultarmos Gênesis 19, concluiremos que esse elemento é a Igreja do Deus vivo, habitada pelo Espí­rito Santo.
Os anjos executores do juízo sobre as cidades da cam­pina nada puderam fazer enquanto Ló, o justo, não saiu de Sodoma.

De igual modo, o juízo do Dilúvio só ocorreu após Enoque ter saído deste mundo. O mesmo acontece agora, enquanto a Igreja do Deus vivo, habitada pelo Espírito Santo, permanecer na terra.
c. 1 Pedro 3.18,19
Texto realmente difícil!
'"Pregou", no v.18, é "kerusso", proclamar, anunciar (como em Ef 2.17).
A passagem, sem dúvida está ligada a Atos 2.31 e Efésios 4.8,9.

8. DIFICULDADES CIENTÍFICAS DA BÍBLIA

A Bíblia não é um manual de ciência, mas o manual da salvação.
Quando ela aborda fatos científicos, fá-lo não na lingua­gem técnica, especializada da ciência, mas na lingua­gem do povo comum. Isto, tem se constituído numa das dificuldades da Bíblia.
a. A esfericidade da Terra (Is 40.22)
b. As estrelas são incontáveis (Jr 33.22)
c. O movimento sistemático do sol (SI 19.5)
d. O Universo envelhecendo (SI 102.25-27)
e. Fogo na crosta interior da terra (Jó 28.5)
f. O frio vem do Norte (Jó 37.9)
g. A luz tem "caminho", não "morada"permanente (Jó 38.19).
h. A terra suspensa no espaço (Jó 26.7)
i. O ar tem peso (Jó 28.25)
j. Os elementos físicos do Cosmos são mais antigos do que os biológicos (Gn 1.1,24) 1. O vento vem do Sul (Ec 1.6)

9. DECLARAÇÕES E ENSINOS SOBRE DEUS, EX­PRESSOS EM LINGUAGEM HUMANA

São os antropomorfismos e os antropopatismos, tão co­muns na Escritura.
Um caso de antropopatismo: 1 Samuel 15.11 versus 1 Samuel 15.29 - (Deus "arrepender-se").

10. DECLARAÇÕES E ENSINOS DA BÍBLIA, SOBRE O CÉU E A VIDA FUTURA, EXPRESSOS EM LIN­GUAGEM HUMANA

É o caso das visões das coisas celestiais de Ezequiel, como temos no capítulo 1 do seu livro (os desconhecidos seres viventes).
É também o caso das visões de João, o apóstolo, descri­tas no livro de Apocalipse, quando João procura compa­rar as coisas celestiais com as terrenas, para poder ex­pressar-se sobre o que viu no Céu.
11. DECLARAÇÕES E ENSINOS CALCADOS NO MUNDO FÍSICO, PORÉM, EM REFERÊNCIA AO MUNDO ESPIRITUAL Tanto o Antigo, como o Novo Testamento se enquadram aqui.
12. FATOS ABORDADOS E TRATADOS PELA BÍBLIA, QUE SÓ SERÃO CONHECIDOS NO FUTURO
E evidente que isto constitui uma dificuldade.


INTERESSANTE

4 comentários:

Ivan Panicio disse...

Paz Do Senhor Caro Irmão Richard!

Foi muito bom conhecer seu Blog, através do Blog do Pr. Ciro.

Que o Senhor continue abençoando sua vida em todos os aspectos.

Saudações em Cristo
Pb. Ivan Tadeu
www.ivantadeu.blogspt.com

Anônimo disse...

Graça e paz.conteúdo do seu blog é ótimo.Adiciona o widget seguidor para que eu e as outras pessoas possamos te seguir.

Marcello de Oliveira disse...

Shalom!

1. Parabéns pelo blog, e por instruir os nossos irmãos. Na verdade somos aperfeiçoadores dos santos - Ef 4.12

2. Permita-me lançar luz sobre o texto de Rt 3.9 = na verdade este ato de lançar a capa, é mais do que proteção. É um pedido de casamento - veja Ez 16.8 -

um abraço, Pr Marcello Oliveira

P.s> visite:

http://davarelohim.blogspot.com/ - e veja o texto:

RESSURREIÇÃO: A MORTE DA MORTE

Patrick disse...

O irmão, ao citar textualmente uma obra já publicda, deveria usar aspas e citar o nome do autor, no caso, todo o texto consta nos capítulos 9 e 10 dos livro A íblia Através dos Séculos, do autor Antônio Gilberto.
Deus o Abençôe.